sábado, 29 de junho de 2013

Dear Verônica, não há nada poético em amar. Ele é cruel e injusto. Não é como a música canta, nem como o poeta recita.










"Eu vago todos os dias em busca de respostas. Eu vejo todos os dias almas dilaceradas e em terríveis estados de sublimação. Depois de observar com meus próprios olhos alguém queimar por amar, acredito que não há amor nenhum que possa nos encher além do fraternal. Cresci assistindo as pessoas em seus mais deploráveis estados de amar e ser amados. Aquela afeição, aquele sorriso que toma os lábios sem espera, aquele palpitar do coração, aquela vontade de cuidar e ser protegidos… Que eu nunca havia sentido e tampouco havia acreditado ser real. Embora conhecesse perfeitamente através da arte de observar.
Honestamente, tais ações sempre me apresentaram ser insanas e até mesmo um tanto cômicas. E vivendo como uma descrente do “amor” eu fui vagando entre as empatias alheias, fui selando meu compromisso com os livros e, enfim, passou-se os invernos.

N’uma tarde chuvosa de domingo, o destino me foi cruel; traçou meu caminho e o fez como um nó. A chuva, que havia iniciado com alguns chuviscos, agora mais demonstrava ser uma cachoeira amaldiçoada pelos ventos. Sacudiu meus cabelos, molhou até minh’alma, levou embora meu sorriso e me fez caminhar durante uma hora sem rumo. Acabei sendo encurralada por meu cansaço numa ruazinha sem saída e lá permaneci com minha angustia pessoal até ouvir alguns passos vindo na minha direção se emendar ao som da chuva. Sem hesitar, virei na tentativa de encontrar os olhos do desconhecido. E quando enfim consegui, vi em seus lábios se formar um doce e convidativo sorriso.

“Está perdida? Posso te ajudar a chegar em casa?”, ouvi-o dizer enquanto tocava uma de minhas mãos. Nesse momento, sua voz tocou o meu mais profundo âmago, fazendo como se alguma coisa lá dentro se desabrochasse. Seus olhos claros refletiam o cair das gotas de chuva, hipnotizando-me cada vez mais. Não demorou muito e eu senti meu coração freneticamente palpitar no meu peito como se precisasse correr para fora de mim.

Última nota de sua narradora:
Eu só precisava visitar um cardiologista."

Camila Verônica Freire.

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